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sexta-feira, 8 de agosto de 2014

Cidades sem crime, o mapa da paz no PR

Imagine um lugar onde é possível caminhar à noite sem medo e ter certeza de que se voltará para casa em segurança ao fim do dia. Esse lugar existe. Corresponde à situação real de quase 10% dos municípios paranaenses, ou 38 ilhas de paz que não reMas não ache que as armas estão longe dessas localidades. Encravadas no interior do estado, essas cidades estão em regiões rurais, áreas onde há pouco tempo era costume manter armas em casa. Contudo, é mais fácil ouvir o “cri cri” dos grilos do que o estampido de um trabuco. Sem tiros nem guerra entre gangues ou facções criminosas, o ambiente pacífico está estabilizado nessas localidades, mas elas representam apenas 1,4% da população do estado.

Com número de habitantes muito abaixo das grandes metrópoles, essas cidades tem outro ponto em comum. Todas têm um índice de desenvolvimento humano (IDH) considerado médio, entre 0,5 e 0,7 (veja o gráfico). Apesar dos bons indicadores, 20 dos 38 municípios vêm sofrendo com uma debandada populacional, fenômeno considerado comum em pequenos povoados, de onde os moradores saem em busca de novas oportunidades de vida.

Paradoxo

Nos 18 municípios restantes, um paradoxo: economia e população em crescimento em um cenário de zero homicídio. É o caso de Douradina, Noroeste do estado (veja o texto ao lado). A população de lá cresceu 30% entre 2000 e 2013. Há mais de 40 anos, a grande fabricante e varejista de colchões, molas e estofados Gazin está na cidade. Foi na primeira década dos anos 2000, no entanto, que a empresa mais cresceu. Hoje são 5,5 mil funcionários nas unidades de Douradina, mais da metade da população da cidade.

Mistério

O segredo da segurança nessas cidades, entretanto, ainda não foi desvendado. Será preciso aprofundar estudos para estabelecer os motivos que as tornaram lugares raros no país. É o que explica o coordenador do Grupo de Estudos da Violência da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Pedro Bodê. “A correlação entre violência e número de habitantes não existe. Há grandes concentrações populacionais pelo mundo com índices muito baixos”, explica. Pode ser um traço cultural, cogita Bodê.

Ele cita exemplos de cidades grandes como Tóquio, Berlim, Hong Kong com índices de assassinatos quase zero. Segundo ele, violência tem mais ligação com crescimento desordenado e políticas públicas equivocadas. Bodê ainda rechaça o IDH como indicador para estabelecer qualquer conexão com a questão da violência.

O estudioso lembra que o país viveu nos últimos anos grande queda na desigualdade social, mas um aumento no número de assassinatos. Além disso, aponta para a realidade curitibana como exemplo que salta aos olhos. “Curitiba tem IDH alto [0,823, considerado bom pela ONU], mas taxa de homicídios elevada”, destaca. A capital do Paraná tem hoje 39 homicídios para cada grupo de 100 mil habitantes. A taxa é quatro vezes maior que a considerada não epidêmica pela Organização Mundial de Saúde (OMS).

Via Gazeta do Povo



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