Reinaldo-Bh
Se há um grupo feliz com a campanha eleitoral é o dos condenados do mensalão.
Os ilustres hóspedes da Papuda e os que cumprem pena no conforto do lar certamente estão aliviados. Não se fala do tema no horário eleitoral, nos debates e mesmo em entrevistas com os candidatos.
Dilma é a candidata do PT. Marina militou até recentemente no partido. As duas NUNCA disseram uma única palavra de condenação ao escândalo que enojou o Brasil. Ao contrário, ambas continuaram a defender o PT ─ defendendo, por associação, os acusados.
Se um extraterrestre desembarcasse hoje por aqui, imaginaria que nada de grave aconteceu. O que o STF qualificou de “o maior atentado à democracia no Brasil”, “quadrilha especializada”, “bandidos na antessala da presidência”, tudo isso é página virada? Submergiu na amnésia coletiva que é marca registrada do Brasil?
As duas candidatas idolatram Lula. E temem Lula. Também por isso evitam citar o escândalo indecente, livrando-se da necessidade de explicar a participação que tiveram nos anos tristes do roubo descarado.
Por onde anda a discussão ética? Discute-se, por exemplo, o pré-sal. Caso existisse o pré-sal (em produção) na época do mensalão, qual teria sido o tamanho do roubo? Até onde iria o desmonte da Petrobras? Quanto valeria a empresa?
Se mesmo com um Banco Central não independente – ou seja, minimamente regulado – assistimos ao uso do BB, Rural , BMG, etc. qual teria sido o rombo nos bancos que irrigavam o esquema dos ladrões se os condenados tomassem conta do galinheiro?
A insegurança que atinge a população é mais danosa que a corrupção, marca registrada do governo atual? E os contratos secretos com ditaduras africanas? Os financiamentos que sustentam Cuba? E o trabalho escravo imposto aos médicos cubanos?
O que difere Dilma de Marina, se ambas vieram do mesmo ovo da serpente?
Numa estranhíssima anomalia, somente Aécio foi induzido por um jornalista, no debate do SBT, a falar sobre o mensalão. Mensalão de Minas. Nenhuma pergunta sobre os bandidos já condenados, que definiam os rumos do partido quando dirigentes.
O Brasil esqueceu Joaquim Barbosa? Concedeu uma anistia ética a José Dirceu, Delúbio, Genoíno e João Paulo? Aceitou Rosemary e os seus (dela) negócios como primeira-amante?
De que vale uma “nova política” se ela é proposta por uma legítima representante do que existia na dita “velha política”?
Por que o candidato que nunca foi ligado ao PT não expõe com a devida clareza essa contradição e suas consequências maléficas? A ética no Brasil parece tema de novela. Exibido o último capítulo, esquece-se a trama.
Não há avanço social nem quaisquer mudanças se o caminho a seguir não for determinado pela ética. Ocultar o passado recente – vergonhoso e assustador – é reforçar o vale tudo. Por covardia ou por cumplicidade
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