José Pedriali
Nem Alckmin, nem Alvaro, menos ainda Meirelles, cuja candidatura é natimorta: nenhum dos candidatos - e tampouco outsideres – do dito “centrão” tem conseguido decolar até o momento, como comprova o Datafolha de domingo. Assim, os que não suportam a vida fora do poder estão propensos a dar a maior guinada de sua história.
DEM e PP, que jamais têm um nome com cacife suficiente para disputar a presidência da República, mas abocanham, braços dados com o PMDB, nacos consideráveis do poder, estão flertando com o pedetista Ciro Gomes.
Ex-ministro de Itamar e FHC, Ciro é um caso raro de direitista que se converteu à esquerda – se por motivos ideológicos ou por conveniência somente ele pode responder. A conversão fez dele a única opção viável, até o momento, para unir a esquerda na disputa pelo Planalto após o impedimento legal de Lula, o presidiário.
Ciro oscila em 10% das intenções de voto, no Datafolha e outros levantamentos. Ocupa a terceira posição na corrida eleitoral, liderada – excluindo-se Lula por causa de seu impedimento - por Bolsonaro, ex-capitão do Exército que jamais abandonou a caserna mental, e pela silvícola indecifrável Marina Silva (o instituto paulistano considera-os tecnicamente empatados).
Há resistência no PT em se coligar com Ciro Gomes, já que o partido, ensandecido por ter sido apeado do poder e em convulsão permanente após a prisão do chefão, tem dado sinais de se dispor a morrer abraçado a Lula. Não abre mão de sua candidatura, inviabilizada pela Lei da Ficha Limpa, e ameaça surtar de vez mantendo-a mesmo que o TSE não a registre!
Se insistir nessa alucinação, o PT sairá da eleição como um partido nanico (moralmente já é). Por isso, é forte a resistência da base do partido para que sua direção recobre parcialmente a lucidez, ainda que momentaneamente, e se coligue com Ciro, ao menos no segundo turno, lançando no primeiro um boi de piranha como Haddad ou Wagner.
O enlouquecimento do PT contagiou o eleitor, que menospreza os candidatos com experiência administrativa e ficha limpa – os três citados no início deste comentário -, inclinando-se em apoiar (depois do presidiário) um troglodita como Bolsonaro, Marina, que não consegue explicar o que pensa e muito menos o que quer, e Ciro. Este, apesar da experiência como ministro e governador do Ceará, é um boquirroto e de temperamento tão explosivo quanto o do militar à paisana que lança fogo pelas ventas.
O quadro, convenhamos, é negro para o dito “centrão”, que quanto mais pede união em torno de uma candidatura viável, mais vê surgirem interessados em encampá-la. Em vez de diminuir, os pretendentes deste setor político só aumentam...
A paquera do DEM e PP com Ciro tornou-se pública na semana passada, desgostando o Planalto (que ameaça retaliar, mas não tem força para isso) e sendo comemorada por Ciro em visita a Buenos Aires. PT e aliados devem estar salivando (às escondidas) com essa possibilidade, pois ela abre as portas para uma ampla coligação.
Se a paquera evoluir para o namoro (e não duvidemos que, uma vez consumado, o PMDB se associe a ele), assistiremos em breve ao enterro do “centrão” e nascimento do “esquerdão”.
Os dois acontecimentos selarão a morte do futuro.
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