Ricardo Noblat
Mal a Lava Jato reabriu seus trabalhos este ano, e três nomes já se credenciaram à disputa pelo troféu Tornolozeira de Ouro do Cinismo de 2018: Emílio Odebrecht, atual presidente da empresa que leva o seu sobrenome; José Eduardo Cardozo, ex-ministro da Justiça do governo Dilma Rousseff, e o governador Luiz Fernando Pezão, do Rio de Janeiro.
Emílio e Cardozo depuseram, ontem, como testemunhas de defesa de Antonio Palocci (PT), detentor do título de primeiro ex-ministro da Fazenda a ser preso no Brasil. Pezão foi obrigado a explicar por que criou mais uma secretaria de Estado e nomeou para comandá-la uma ré na Lava Jato e aliada do ex-deputado Eduardo Cunha, preso em Curitiba.
Dos três, Pezão foi o mais simplório. Ele justificou assim a nomeação da ex-deputada Solange Almeida para tocar a Secretaria de Proteção e Apoio à Mulher e ao Idoso:
- A gente não pode sair criminalizando todo mundo que hoje tem uma acusação, senão, não vai sobrar ninguém. [...] Quanto à questão dela estar respondendo a processo, isso eu também estou. Assim como eu, ela tem direito a se defender. Enquanto não for condenada, acho que ela pode me ajudar muito na administração do Estado.
Sim, foi isso mesmo que você leu. O fato de Solange responder a processo da Lava Jato não a desmerece porque Pezão também responde. E, de resto, “enquanto não for condenada”, ela poderá ajudá-lo a administrar um Estado quebrado que deveria cortar despesas e não criá-las. O ataque de sinceridade de Pezão reduz em muito suas chances na disputa pelo troféu.
Mais erudito do que Pezão, Cardozo requentou a história preferida dos que acham que a corrupção é uma herança dos portugueses que nos colonizaram, daí porque é tão difícil extirpá-la. Disse Cardozo:
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