O mistério da educadora de Lins
que expele uma espécie de membrana dura pelo olho direito há 19 anos pode estar
perto de ser solucionado. Conforme noticiado ontem pelo JC, Laura Carisa Ponce,
de 34 anos, foi examinada na quarta-feira por especialistas do Hospital de
Olhos de Bauru.
O resultado dos exames feitos
pela educadora sai em uma semana, mas o oftalmologista Raul Gonçalves Paula,
que examinou Laura, já tem seu palpite. De acordo com o médico, Laura sofreria
de uma canalicutite, tipo de conjuntivite crônica comumente causada pela
bactéria Actinomices sp.
Um dos motivos que levaram a tal
diagnóstico foi o exame da lâmina usada na raspagem do olho de Laura. Segundo
Raul, ela apresentaria um amontoado de grumos, chamados cocos, que são
característica peculiar desse tipo de bactéria.
Outro motivo para a suspeita do
médico é a periodicidade com que a educadora é acometida pelo problema. “Não
tem data para acontecer, que é exatamente o quadro da Actinomices”, atesta.
Doença rara
De acordo com Raul, a
canaliculite causada por Actomices sp é uma doença rara e seu diagnóstico leva
de dois a três anos. “Tive uns oito casos nos últimos 15 anos, mas casos assim,
que demoro tanto tempo para diagnosticar, é a primeira vez que eu vejo”.
O oftalmologista ainda afirma que
o canal lacrimal é o local mais comumente afetado pela canaliculite. No
entanto, o caso de Laura seria atípico, uma vez que as secreções seriam
formadas no fundo do saco inferior da conjuntiva.
A cura para a patologia, no
entanto, seria bastante simples: uma cirurgia que dura apenas 15 minutos. “Se
for mesmo causado por bactérias, opera o canal e acabou o problema. No caso
dela nós estamos tentando isolar o Actinomices”, explica Raul. Assim, o médico
frisa que é necessário aguardar o crescimento da colônia de bactérias para
confirmar o diagnóstico.
Outra hipótese
Nos 19 anos que vem sofrendo com
a doença, Laura já havia sido examinada por cerca de 30 médicos da região, sem
conseguir um diagnóstico definitivo.
“Ela vinha sendo diagnosticada
com uma conjuntivite lenhosa. Esse tipo de doença costuma dar essas secreções,
só que elas ficam aderidas na região do tarso do olho”, explica o médico do
Hospital de Olhos de Bauru. “Então, ou é uma conjuntivite lenhosa atípica, onde
o organismo age de forma imunológica fabricando aqueles tecidos, ou é a
Actinomices que forma essas colônias de bactérias. Não tem milagre nenhum não”.
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